Deixa eu ver se entendi. Foi com esse comentário que, de madrugada, me ocupei sem mais nem menos. Vinha do meu cérebro, de uma das sinapses mais impacientes e histéricas. A discussão havia começado já fazia um certo tempo. A coisa ia longe. Mas, para a alegria delas, a campainha tocou: era o entregador do iFood, com as pizzas no portão, o que as apaziguou um pouco, embora o circo ainda pegasse fogo. Tudo por causa de Bernardo. O eremita? Não. Bernardo Carvalho. Há obras literárias que pedem...
Leia mais...– Não conhecia meu filho, João, te juro. – Difícil não conhecer o próprio filho. – Verdade, não acredita? Maria, traz outro café, por favor. – O café daqui é bom mesmo, hein, você tem razão, vou pedir também mais um. Como é mesmo o nome da garçonete?, Maria, isso mesmo, Maria, por favor, mais um pra mim também. Mas como?, você não criou seu filho? – Criei, até certo ponto, mas criei. – Como, então, não o conhece? – Escute, você vai compreender. Obrigado, Maria, obrigado, apenas um...
Leia mais...Em meio ao arrastão de filmes que temos à disposição, de acesso tão fácil quanto retomar o caminho para chegar em casa, Manchester à beira mar é um exemplo cada vez mais raro daquele tipo de cinema que tão bem faz à alma da gente, quando, semanas depois, no chuveiro ou no passeio, o filme ainda fica a cutucar o cocoruto. A primeira surpresa é a de que a história não se passa na Manchester que se espera, mas sim em uma cidadezinha de mesmo nome, nos Estados Unidos, perto de Boston...
Leia mais...Na literatura brasileira contemporânea, o romance policial é quase uma impossibilidade. Seja qual for o gênero, cerebral ou o romance noir, a realidade é tão pesada que seus heróis não sobreviveriam à trama de corrupção e malícia que permeiam todos os setores da sociedade. Um dos preceitos para se escrever literatura policial, constante nos escritos de Todorov sobre o gênero, é que o investigador não deve ser o autor do crime. Tratando-se da nossa realidade, o investigador do romance noir...
Leia mais...Estava decidido: ia abandonar a mulher. Havia conhecido, há cerca de dois meses, uma outra pequena: mais jovem, bonita e agradável. Esta não lhe incomodava com seus problemas, com as contas, não lhe cobrava atenção, não o criticava... Sempre muito bem maquiada, unhas feitas e bem disposta, era o carinho em pessoa. Ela entendia todas as suas inquietações e antes mesmo que ele pudesse abrir a boca, ela tinha a palavra certa, o melhor conselho. Sim, não havia mais volta. Deixaria a mulher...
Leia mais...Um disco que cai bem em qualquer churrasco onde o samba seja bem-vindo é este. Um ano depois de um grande álbum (Nos botequins da vida), Beth Carvalho retornava com este elepê, De pé no chão, de 1978, cercada mais uma vez de grandes compositores e músicos, além de si mesma, cantora de voz segura, amaciada por performances mil em que comandou o terreiro. Assim, contando com uma constelação de compositores e de músicos, que vai de Cartola e de Paulo da Portela a Martinho da Vila, passando por...
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Este sítio, Tertúlia, nasceu de um fanzine. De 1993 a 1997 foram apenas seis números. Fanzine é uma revista que você mesmo faz, com tesoura, cola e uma ideia na cabeça. "Xerox e revolução", disse Marcel Plasse nos anos 90. Tertúlia agora está on-line. Seja bem-vind@. Música, cinema, literatura, entrevistas, futebol (Santos Futebol Clube), um pouco de meu trabalho (work in progress) e de tudo um pouco (gastronomia, cidades etc.). Coisas para relembrar: nunca tive talento para tocar guitarra (infelizmente) e sempre gostei de botes contra a corrente.
Renato Alessandro dos Santos
realess72@gmail.com